Ter
, 04/06/2013 às 10:24
| Atualizado em: 04/06/2013
às 11:55
Policiais lançam bombas de efeito moral contra alunos da FTC
Paula Pitta e Mariana Mendes
Policiais militares do Batalhão de Choque reprimiram um protesto de
estudantes de medicina da Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) na
manhã desta terça-feira, 4. Um grupo de universitários, vestidos de
jaleco branco, impedia a passagem de veículos na Avenida Paralela,
sentido aeroporto, nas imediações da instituição de ensino.
Para conter a manifestação, os policiais lançaram bombas de efeito
moral nos manifestantes. O estudante Bruno Reis da Silva, do 6º semestre
de medicina, disse que o Batalhão de Choque "já chegou atirando as
bombas. Alguns alunos ficaram machucados, inclusive com fraturas". De
acordo com ele, grávidas participavam do protesto.
A estudante Ana Paula Moinho relata a situação vivida pelos alunos.
"Muitas pessoas desmaiaram, foram pisoteadas. Uma menina quebrou o braço
e feriu a barriga com uma bala de borracha. Alguns estão em estado de
choque, outros com falta de ar ou olhos ardendo", conta.
O supervisor comercial, Fábio Rodrigues, que passava pelo local,
presenciou a ação. "A polícia já chegou com cerca de 20 homens com
cassetete na mão e jogaram três ou quatros bombas de pimenta em cima dos
alunos. Eles saíram correndo e liberaram o trânsito", conta.
Ainda de acordo com Rodrigues, o tráfego estava parado no momento da
ação policial, mas após a liberação da via alguns motoristas foram
atingidos pelas bombas. "Recebi pimenta no rosto e estou com os olhos e
nariz incomodando".
Posição da FTC - A instituição, por meio da assessoria
de imprensa, confirmou a intervenção da PM na manifestação dos
estudantes. De acordo com a FTC, os policiais e o vice-presidente da
faculdade, Reinaldo Borba, tentaram negociar com os alunos, mas eles só
queriam falar com o presidente, William Oliveira, que não estava
disponível no momento.
Sem acordo, os policiais usaram gás de pimenta e bala de borracha para
liberar a via, de acordo com a assessoria da FTC, que confirma que
alguns estudantes ficaram feridos. Conforme a instituição, eles tiveram
lesões superficiais e foram atendidos por equipes do Serviço de
Atendimento Médico de Urgência (Samu).
TER, 04/06/2013 às 10:46
Estudantes de medicina da FTC são reprimidos por policiais em protesto
A estudante Ana Paula Moinho contesta a versão da FTC de que a PM teria
tentado negociar com os manifestantes. "A gente já sabia que se a
Choque chegasse ia sentar em respeito a eles, mas eles nem tentaram
conversar, já chegaram atirando bomba e balas de borracha. Sem dó, nem
piedade".
De acordo com ela, os alunos pretendem entrar com uma ação coletiva no Ministério Público do Estado contra o governo estadual.
Motivação - Conforme o estudante David Santos, 4º
semestre do curso de medicina, a manifestação é por causa da falta de
pagamento dos professores e de convênio com clínicas particulares.
Segundo o aluno, a faculdade tem que pegar uma cota aos hospitais para
que os alunos possam estudar a parte prática na unidade, entretanto, a
FTC não paga essa cota há meses. Segundo o estudante Bruno Reis da
Silva, do 6º semestre de medicina, os alunos chegaram a ser expulsos dos
hospitais. "Que tipo de médicos que eles querem formar?", questiona.
"Os professores já não recebem há cerca de 2 meses. Alguns já pediram
demissão", disse Bruno, que paga a mensalidade de R$ 4.125,00 pelo
curso.
A assessoria da FTC confirma o atraso no pagamento do salário dos
professores do mês de abril, que, de acordo com a instituição, será pago
nesta terça.
A faculdade não se pronunciou sobre a reclamação de falta de convênio com hospitais e clínicas.
Ação policial - Nesta segunda, 3, a Secretaria
Municipal de Urbanismo e Transporte divulgou nota informando que iria
pedir ao secretário estadual de Segurança Pública, Maurício Barbosa,
apoio da polícia "para disciplinar as manifestações que estão ocorrendo
diariamente na cidade".
O secretário municipal de Urbanismo e Transporte, José Carlos Aleluia,
disse que não pretende impedir os protesto, mas que é necessário
ordenamento. "Ninguém quer impedir as pessoas de se manifestarem sobre o
que quer que seja. Mas desde que essas manifestações não interrompam a
vida da cidade, não paralisem o dia a dia das pessoas. O direito de um
termina quando começa o do outro, como diz o ditado", disse Aleluia, em
nota enviada à imprensa.
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